PRÁTICAS SEGURAS NO USO DE MEDICAMENTOS

O Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos do Ministério da Saúde é um documento norteador para promover práticas seguras nas instituições de saúde afim de, reduzir erros.  Dentre as práticas segura está a lista de medicamentos padronizados publicados e disponíveis para os todos os profissionais da saúde. Recomenda que a relação dos medicamentos seja feita por especialidade com a padronização local, para que o prescritor tenha maior familiaridade com esses medicamentos (BRASIL, 2013).

Em estudo descritivo, de corte transversal realizado em uma UTI cirúrgica de um hospital público   do   estado   de   Sergipe foi avaliada a   adesão   dos   profissionais   de   enfermagem   para   a administração segura de medicamentos. O estudo apontou que 66,7% dos enfermeiros e 54,5% dos técnicos de enfermagem relataram não conhecer o protocolo. Quanto a acessibilidade aos protocolos institucionais 77,8% dos enfermeiros e 63,6% dos técnicos de enfermagem relataram que estes não encontram disponíveis para leitura (RODRIGUEZ et al. 2019).

DUPLA CHECAGEM DE MEDICAMENTOS

O Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (2019) recomenda realizar dupla checagem independente nos processos de maior risco na qual um profissional realiza a checagem paralelamente ao trabalho realizado por outro. Embora todos estejam sujeitos ao erro a probabilidade é menor quando duas pessoas fazem conferência da mesma medicação e mesmo paciente (ISMP-BRASIL, 2019).

A dupla checagem é recomendada em todas as etapas do sistema de medicação para realização de   uma   prática   segura   em especial   quando   envolve    medicamentos   potencialmente perigosos e os prescritos em Pediatria, Oncologia e Unidades de Tratamento Intensivo, principalmente no momento da administração.  (BRASIL, 2013).

Em estudo transversal, descritivo, com análise documental realizado em uma Unidade de Terapia  Intensiva  de   um   Hospital   Universitário   do   Rio   de   Janeiro   foram   analisadas   362 prescrições, com 5.201 aprazamentos completos. A dupla checagem foi realizada em 92% (333) das prescrições analisadas e foram encontrados erros em 68% (226) delas. Após o procedimento, o erro permaneceu em 22% (72). Nas prescrições que não realizaram dupla checagem 8% (29), o erro ocorreu em 34% (10) (RIBEIRO et al. 2018).

PRÁTICAS SEGURAS NA PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS

 Legibilidade

A primeira etapa do processo de medicação é a prescrição médica e que deve se apresentar-se de forma legível e completa para entendimento daqueles que a utilizam.

Segundo   TAKAHASHI   et   al.  (2019) à ilegibilidade   das   prescrições   induz   ao   erro, causa confusão   à   equipe, impossibilita   a   dispensação   do   medicamento e dificulta a assistência.

Outro estudo realizado à partir da avaliação de prescrições medicamentosas em uma farmácia básica do município de Itapemirim, Espírito Santo verificou os principais erros encontrados nas prescrições. Foram avaliadas 3536 prescrições, destas 46,75% (1653) apresentou erros, 19,60% (324) tinham rasuras e 10,16% (168) eram   ilegíveis, o   que   pode   resultar   em   erros   de dispensação e consequente erro de medicação (BONADIMAM et al, 2013). 

Utilização de prescrições eletrônicas

Implantação de prescrição eletrônica é assunto discutido no Conselho Federal de Farmácia.

Confira

Link http://www.cff.org.br/noticia.php?id=5149&titulo=CFF+vai+regulamentar+dispensa%C3%A7%C3%A3o+por+receitu%C3%A1rio+eletr%C3%B4nico

Um estudo descritivo-exploratório e comparativo realizado em um hospital público do Distrito Federal integrou 190 prontuários manuais e 199 eletrônicos cada um com 2027 prescrições. Observou-se que após implantação da prescrição eletrônica houve redução dos fatores de risco para erros de medicação como ilegibilidade, prescrição com nome comercial, falta da forma de diluição. A falta de CRM do prescritor esteve ausente em 98,3% das prescrições eletrônicas. Observa-se a necessidade de adaptações do sistema eletrônico na prevenção de erros de medicação (VOLPE et al, 2016).

Acesse:

Relação de medicamentos disponíveis gratuitamente na farmácia básica de Diamantina/MG

A relação de medicamentos gratuitos na farmácia básica de Diamantina está acessível com o objetivo de que os profissionais conheçam os medicamentos e suas apresentações que são disponibilizados e consultem na hora da prescrição.

Endereço: R. da Glória 394 – Centro, Diamantina – MG, 39100-000

Acesse a relação de medicamentos

PRÁTICAS SEGURAS NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

DIGA NÃO A INTERRUPÇÕES!

 A administração de medicamentos requer ambiente adequado, tranquilo e com o mínimo de interrupções para a realização de cálculos e preparo de medicamentos. Interrupções associadas ao processo medicamentoso, tem elevado risco de erros devido à complexidade do sistema de utilização (ISMP-BRASIL, 2019).

Acesse o boletim

Prevenção de erros relacionados às interrupções dos profissionais durante o processo de medicação

Em estudo observacional, de corte transversal, realizado em duas UTI de uma instituição de ensino localizada no Estado de Goiás com técnicos de enfermagem, enfermeiros e residentes de enfermagem observou 778 interrupções sendo 7,85 interrupções por hora, ou ainda, uma interrupção a cada 7,64 minutos. As atividades mais interrompidas foram as anotações e registros de enfermagem com 82 interrupções; seguidas da administração de medicamentos (142/ 41,04% respectivamente) (PRATES e SILVA, 2016).

Os nove certos da administração de medicamentos

Recomenda-se para a administração de medicamentos os nove certos. Paciente certo; Medicamento certo; Via certa; Hora certa; Dose certa; Registro certo; Orientação certa; Forma certa; Resposta certa. (BRASIL, 2013)

Em estudo qualitativo, com levantamento de necessidades, realizado em uma instituição hospitalar do interior do Estado de Minas Gerais, constituído por 19 enfermeiros apontou o desconhecimento desses profissionais sobre aspectos de farmacologia, dados fundamentais para o desenvolvimento de práticas seguras na administração de medicamentos, uma vez que esses profissionais não são capazes de realizar prevenção de riscos e de possíveis complicações advindas da terapia medicamentosa (PRAXEDES et al. 2015).

A IMPORTANCIA DA PARTICIPAÇÃO DO FARMACEUTICO NA DECISÃO TERAPÊUTICA

A participação do farmacêutico no processo de decisão terapêutica é importante e deve ser incentivada pois, a mesma é capaz de melhorar o cuidado ao paciente (FINATTO, CAON, BUENO, 2012)

Estudo realizado em uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital público em Santa Catarina analisou 499 prescrições médicas, 91,4% (409) necessitaram de intervenção farmacêutica com 64,2% (426) de aceitação. Das intervenções aceitas destaca-se potenciais efeitos adversos 37% (156), potenciais interações medicamentosas 32% (136), incompatibilidade físico-química 13% (55) e necessidade de ajuste de dose 9% (40). Considera-se que a avaliação da prescrição seguida de intervenção farmacêutica pode prevenir erros de medicação (DIAS et al, 2018).

Estudo retrospectivo em um hospital na Arábia Saudita observou 2.073 erros de prescrição relatados no Sistema de Relatório de Segurança do hospital. Os erros de prescrição mais encontrados foram dose incorreta 53% (1099) seguido de droga errada 10% (203) (KHANI, MOHARRAM, ALJADHEY, 2014)

Outro estudo prospectivo na Unidade de Farmácia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná analisou intervenções do farmacêutico clínico nas prescrições médicas. Foram avaliadas 6.438 prescrições e realizadas 933 intervenções farmacêuticas. A aceitação das intervenções foi de 76,32%. O erro mais encontrado foi relacionado à dose (46,73% do total da amostra) (REIS et al, 2013). 

 

Referências:

. Al-Khani S, Moharram A , Aljadhey H. Factors contributing to the identification and prevention of incorrect drug prescribing errors in outpatient setting.. Saudi Pharmaceutical Journal. 2014;22(5):429-432.

. BONADIMAN RL, BONADIMAN RL, BONADIMAN SL, SILVA DA. Estudo das prescrições medicamentosas em uma farmácia básica de Itapemirim, Espírito Santo – BRASIL. Acta Biom. Bras. 2013;(2).4

. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Anexo 03: Protocolo de segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos. Brasília; 2013.

. DIAS D, WIESE LPL, PEREIRA EM, FERNANDES FM. AVALIAÇÃO DE INTERVENÇÕES CLÍNICAS FARMACÊUTICAS EM UMA UTI DE UM HOSPITAL PÚBLICO DE SANTA CATARINA. Rev. Bras. Farm. Hosp. Serv. Saúde 2018;9(3):e093.005

. FINATTO RB, CAON S, BUENO D. Intervenção farmacêutica como indicador de qualidade da assistência hospitalar Pharmaceutical intervention as indicator of quality of hospital care Bueno. Rev. Bras. Farm. 93(3): 364-370, 2012.

. ISMP Brasil – Instituto para Práticas Seguras no uso de Medicamentos. Prevenção de erros relacionados às interrupções dos profissionais durante o processo de medicação. Disponível em: <https://www.ismp-brasil.org/site/wp-content/uploads/2019/06/Boletim_ismp_Brasil_Junho_prevencao_de_erros_relacionados_as_interrupcoes.pdf >. Acesso em: 20 jan. 2020.

. Llapa-Rodriguez EO, Silva LSL, Menezes MO, De Oliveira JKA, Currie LM. Assistência segura ao paciente no preparo e administração de medicamentos. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(4):e2017-0029.

. PRATES DO, SILVA AEBC. Interrupções de atividades vivenciadas por profissionais de enfermagem em unidade de terapia intensiva.  Rev. Latino-Am. Enfermagem 2016;24:2802.

. PRAXEDES MFS, FILHO PCPT, MIASSO AI, JÚNIOR ACP.  Administração de medicamentos: identificação e análise das necessidades educacionais de enfermeiros. Rev. enferm UFPE on line. 2015;9(1):76-83.

. REIS WCT, SCOPEL CT, CORRER CJ, ANDRZEJEVSKI VMS. Análise das intervenções de farmacêuticos clínicos em um hospital de ensino terciário do Brasil. Rer. Einstein. 2013;11(2):190-6.

. RIBEIRO GSR, CAMERINI FG, HENRIQUE DM, ALMEIDA LF, PEREIRA LMV, MACEDO MCS. Análise do aprazamento de enfermagem em uma UTI: foco na segurança do paciente. J. Res.: Fundam. Care. 2018;10(2):510-515.

. TAKAHASHIMM, JULIANA CN, JUNIORVLC, NETOLMR. Avaliação da prescrição: ilegibilidade de prescrições atendidas em uma farmácia. Braz. J. Hea. Rev.Curitiba.2019;2(2):6-2117-2123.

. VOLPE CRG, MELO EMM, AGUIAR LB, PINHO DLM, STIVAL MM. Risk factors for medication errors in the electronic and manual prescription. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2016;24:e2742.